segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Beleza e a Dignidade na Liturgia Eucarística - parte II

O Santíssimo Sacramento também é dotado de um intenso caráter cósmico, que envolve as realidades dos mais diversos lugares e está sempre em sintonia com toda a criação. A Eucaristia perpassa todas as realidades, todos os tempos. “Porque mesmo quando tem lugar no pequeno altar duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação. O Filho de Deus fez-Se homem para, num supremo ato de louvor, devolver toda a criação Àquele que a fez surgir do nada” (Idem, ibidem, 8).
A Eucaristia é em certo aspecto um sacramento ‘didático’. Através de sua celebração, o povo fiel recebe os ensinamentos da Igreja e do Evangelho. É força evangelizadora, porque “nela, o discípulo realiza o mais íntimo encontro com seu Senhor e dela recebe a motivação e a força máximas para a sua missão na Igreja e no mundo” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 67).
O mistério eucarístico é celebrado pela Igreja por meio da Divina Liturgia. Por seus ritos, a obra sacerdotal de Cristo crucificado-ressuscitado é continuamente perpetuada para as gerações cristãs. É por meio da Liturgia que o tesouro eucarístico vem até a Igreja.
Sendo o mistério eucarístico um dom tão grande, tão excelso, não admite descuidos, reduções e instrumentalizações. É justamente pela importância vital da liturgia eucarística que a Igreja sempre buscou salvaguardá-la com todas as forças, buscando sempre que o Santíssimo Sacramento fosse tratado com o devido decoro, o decoro que compete ao Cordeiro, o Rei do Universo. Pois “o Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A Ele glória e poder através dos séculos” (Missal Romano, antífona de entrada da Solenidade de Cristo Rei, ano A).
A Igreja julga que a ela é dirigida a ordem de Jesus, quando ia celebrar a ceia derradeira com seus apóstolos: que preparassem uma sala ampla e mobiliada, como convinha à realização daquele ato. Por isso, ela estabelece como deve ser a preparação e a disposição das pessoas, dos lugares, dos ritos e dos textos para a celebração da Santíssima Eucaristia. Desse modo, ela garante que a nobreza e a dignidade necessárias sejam devotadas à Liturgia, donde emana toda a vida cristã.
A nobreza na Liturgia, porém, não tem um valor meramente estético. Por meio dela, revela-se o esplendor da verdade cristã, a verdade de Cristo. Assim como apareceu transfigurado perante os discípulos, revelando a sua glória celeste, Ele deve ser revelado na celebração eucarística, cercado de toda honra que o gênero humano Lhe pode devotar. O papa Bento XVI explica o valor da beleza na celebração litúrgica: “é necessário que, em tudo quanto tenha a ver com a Eucaristia, haja gosto pela beleza; dever-se-á ter respeito e cuidado também pelos paramentos, alfaias, os vasos sagrados, para que, interligados de forma orgânica e ordenada, alimentem o enlevo pelo mistério de Deus, manifestem a unidade da fé e reforcem a devoção” (Sua Santidade, Bento XVI – Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, 41).
Acusa-se a Igreja, entretanto, de triunfalismo e de certa soberba ao esmerar-se na nobreza da Liturgia. Para alguns, não é possível ver – ou talvez não queiram – a necessidade de se tratar com solenidade a Eucaristia. Pois, com tantas mazelas no mundo, seria realmente necessário dedicar ouro e outras riquezas ao altar do Senhor? O próprio Mestre, entretanto, já havia respondido a essas questões.
Quando Maria unge o Senhor em Betânia, os discípulos se escandalizam. “Para que este desperdício?”, perguntaram eles (Cf. Mt 26, 8). Frente às necessidades dos pobres, aquele gesto parecia um desperdício imperdoável. Jesus, porém, teve uma atitude diferente. “Ele pensa no momento já próximo da sua morte e sepultura, considerando a unção que Lhe foi feita como uma antecipação daquelas honras de que continuará a ser digno o seu corpo mesmo depois da morte, porque indissoluvelmente ligado ao mistério da sua pessoa” (Sua Santidade, João Paulo II – Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 47). São JoseMaría Escrivá, meditando sobre essa mesma passagem, escreve: “Aquela mulher que, em casa de Simão, o leproso, em Betânia, unge com rico perfume a cabeça do Mestre, recorda-nos o dever de sermos magnânimos no culto de Deus. Todo o luxo, majestade e beleza me parecem pouco. E contra os que atacam a riqueza dos vasos sagrados, paramentos e retábulos, ouve-se o louvor de Jesus: ‘Opus enim bonum operata est in me’ - uma boa obra foi a que ela fez comigo” (São JoseMaría Escrivá, Caminho – 527).
Ademais, a nobreza da Liturgia de forma alguma é um ultraje aos mais necessitados. Pelo contrário, mesmo os mais pobres não exitam em dispor de seus bens para manter o culto divino. Pois o mandamento mesmo diz que é preciso amar – e honrar – a Deus sobre todas as coisas. “A riqueza litúrgica não é a riqueza de uma casta sacerdotal; é riqueza de todos, também dos pobres, que, com efeito, a desejam e não se escandalizam absolutamente com ela. Toda a história da piedade popular mostra que mesmo os mais desprovidos sempre estiveram dispostos instintiva e espontaneamente a privar-se até mesmo do necessário, a fim de honrar, com a beleza, sem nenhuma avareza, ao seu Senhor e Deus”(RATZINGUER, J/ MESSORI, V. – A Fé em Crise? O Cardeal Ratzinguer se interroga. São Paulo, EPU, 1985, pág 97).

Autor: Matheus Roberto Garbazza Andrade
Publicação original: Dezembro de 2008
Extraído de: http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=325

domingo, 29 de abril de 2012

A Beleza e a Dignidade na Liturgia Eucarística - parte I


Nota do editor: Esta imagem, que expressa de forma fantástica a beleza e a dignidade da Sagrada Liturgia, é do Santo Sacrifício celebrado pelo Santo Padre Bento XVI, na Capela Sistina, no dia 11 de Janeiro de 2009 (Solenidade do Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo), na tradicional disposição “Versus Deum” (“Voltado para Deus”, isto é, com sacerdote e povo voltados na mesma direção) – foto extraída de http://www.newliturgicalmovement.org/2009_01_01_archive.html

“Senhor, amo a beleza de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória” (Sl 25,8)
A Igreja está fundamentada sobre o ‘Tríduo Sacro’, sobre a total entrega de Jesus aos seus. Destes dias de grande tensão, emana todo o mistério eclesial e se consuma a obra da salvação humana, planejada por Deus desde o início dos tempos. Dividido em diversos ‘acontecimentos’, que são intimamente interligados, esse tríduo é também a síntese do amor divino. Deus é amor, e por esse grande amor pelo gênero humano Ele aceitou se entregar por nós.
Na quinta-feira, antes de Seus braços abertos traçarem entre o céu e a terra o sinal da nova aliança, sabendo que iria reconciliar todas as coisas pelo sangue a ser derramado na Cruz (Cf. Missal Romano, Oração Eucarística VII -Sobre a reconciliação I), Cristo tomou pão e vinho, e instituiu o sacrifício do seu corpo e sangue. Em seguida, ordenou que os apóstolos o perpetuassem até que Ele voltasse. Desse mesmo modo, Jesus cumpria a promessa que havia feito: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Mais tarde, naquela mesma noite, Ele foi entregue aos seus algozes. Sexta-feira, na Cruz, enquanto se entregava como vítima imaculada, Jesus reordenou todas as coisas, efetuando realmente o sacrifício que na noite anterior estabelecera. Pela sua morte na cruz, criatura e Criador foram reconciliados. Num gesto de humilhação, o Rei do universo deixar-se morrer, o Verbo encarnado realiza a salvação dos homens. A cruz é o coração da fé católica, e “pelo poder radiante da Cruz, vemos com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado” (Missal Romano, Prefácio da Paixão do Senhor, I).
Somente a noite sabe a hora em que Cristo ressurgiu dos mortos, no Domingo. Os apóstolos, de certa forma desiludidos com o aparente fracasso de seu mestre, estavam recolhidos, com medo dos judeus e dos romanos. Cristo, entretanto, venceu a morte. Ressuscitou ao terceiro dia, como havia dito. A ressurreição é a ‘coroa’ da missão de Jesus, e por ela o Pai abraça Jesus novamente, acolhendo-o na glória celeste. Pela ressurreição, os homens são renovados na esperança, porque a glória celeste é prometida também à raça de Adão. Sem a glorificação de Cristo, todo o seu tempo teria sido, de certa forma, perdido. Entretanto, triunfou sobre a morte e venceu o mal, trazendo a alegria aos seus apóstolos.
“Ó Deus, quão estupenda caridade,/ Vemos no vosso gesto fulgurar:/ Não hesitais em dar o próprio filho,/ Para a culpa dos servos resgatar” (Missal Romano, Precônio Pascal).
De toda a obra sacerdotal de Cristo, resulta o mais precioso tesouro da Igreja: A Sagrada Eucaristia. “A Eucaristia constitui, de fato, o ‘tesouro’ da Igreja, a preciosa herança que seu Senhor lhe deixou” (Sua Santidade, Bento XVI – intervenção no Ângelus de 19/06/2006). O dom do Corpo e Sangue do Senhor é um dom inestimável, porque “neste sacramento, se condensa todo o mistério da nossa salvação” (Santo Tomás de Aquino – Summa Teologiae, III, q. 83, a. 4c).
Na Eucaristia, os fiéis são inseridos, misteriosamente, nas realidades celestes. Realiza-se nela, realmente, a ligação entre céu e terra, entre a Igreja militante e a Igreja triunfante. “Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas (Is 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como ‘as núpcias do Cordeiro’ (Ap 19, 7-9) que se hão de celebrar na comunhão dos santos” (Sua Santidade, Bento XVI – Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, 31). Essa antecipação sacramental das realidades vindouras serve como alívio dos tormentos da terra de exílio e, ao mesmo tempo, como força para a vida cotidiana. “A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (Sua Santidade, João Paulo II – Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 19).

Autor: Matheus Roberto Garbazza Andrade
Publicação original: Dezembro de 2008
Extraído de: http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=325

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A importância da Liturgia


Liturgia é prestar culto de adoração e louvor a Deus
Liturgia é uma palavra que vem do grego e significa obra em favor do povo.
A palavra liturgia aparece nos escritos cristãos do século II e III como um encargo, uma função desempenhada na Igreja dentro do culto sagrado. É uma função desempenhada pelos bispos, padres e diáconos.
A liturgia é a fonte da espiritualidade, da missão e da justiça. Cria laços de fraternidade e dinamiza a solidariedade. Solidifica o compromisso com a verdade e a igualdade. Ela é o cume da caminhada, das lutas e dos empreendimentos humanos na construção do reino. Sem liturgia não é possível viver plenamente a comunhão com De us e com os irmãos. Não é possível ser Igreja. A liturgia é a vida de Deus em nós e para nós. Ela celebra a ação de Deus e nos faz seres mais humanos e mais justos. Nela realizamos o encontro com Deus. Jesus Cristo nos reúne e preside a reunião da comunidade. Nas leituras, é Ele mesmo que nos fala e nos transforma com a força da sua Palavra. Na liturgia, o Espírito Santo nos revela os mistérios de Deus, move os corações, reforça a nossa resposta e opera a salvação.
A finalidade da liturgia é prestar culto de adoração e louvor a Deus e ajudar na santificação do homem. A obra Sacerdotal de Cristo, que a liturgia realiza, está presente e se prolonga na Igreja de quatro modos: na missa, nos sacramentos, na proclamação da palavra de Deus e nas orações comunitárias.
A liturgia celebra o Mistério Pascal de Cristo que é o acontecimento central da nossa fé. Cristo permanece presente e vivo em cada celebração litúrgica. Podemos dizer que liturgia é ação de Cristo e ação da Igreja.
A ação litúrgica faz memória, isto é, torna presente e realiza os acontecimentos da salvação. isto é feito através de sinais e ritos.
Podemos entender a importância da liturgia para a vida da Igreja comparando-a com o sangue no corpo humano. Por meio dela a vida se renova. As células se fortalecem. O corpo se sustenta. A vida continua. A celebração litúrgica é Deus mesmo agindo e imprimindo em nossa vida o seu jeito de amar, servir e perdoar. A liturgia é importante não só porque nela renovamos o compromisso batismal e a nossa aliança com Deus, mas também porque, em Cristo e por Cristo, oferecemos o verdadeiro sacrifício de louvor e nos oferecemos com Cristo ao Pai. Na liturgia solidarizamo-nos com a humanidade e por ela rezamos. Imploramos pela sua santificação e convivência pacífica. Lembramos o que somos diante de Deus e professamos o que Deus é para nós e o que queremos ser para Deus.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ser livre é ser de Deus


A maior sede do homem é sentir-se livre; e foi para isso que o Senhor nos criou: para a liberdade, tanto é que Santo Irineu nos diz que: ” O homem livre é a glória de Deus”.
É penoso ver como o sentido da liberdade tem sido cada vez mais deturpado, tendo em vista que temos nos tornado escravos de tantas coisas. Muitas pessoas têm perdido o gosto pela vida por essa razão, pois perderam de vista a essência do sagrado. Isso quando não tentam tirar a própria vida em nome de uma falsa liberdade.
Ser livre é ser de Deus; é deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus porque ”onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”(II Cor 3,17).
Quanto mais nos aproximarmos do Senhor, tanto mais livres e autênticos nos tornaremos. No entanto, só podemos experimentar essa graça se invertermos os valores abraçando a verdade de Deus e desprezando a mentira do mundo:“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).
Jesus não sente prazer em nos ver aprisionados pelas dívidas, pela depressão, pelo medo, pela mágoa, pelo ressentimento, pelo ódio, pela vingança, pelos vícios e por tantos outros situações e sentimentos negativos.
Invoquemos, hoje, com confiança e de todo o coração o nome de Jesus em meio a todas as situação em que vivemos, dizendo: Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Jesus, Jesus…
Jesus, eu confio em Vós!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A celebração litúrgica da Eucaristia - parte III

3 - LITURGIA EUCARÍSTICA
3.1. Ofertório

Também é chamado "apresentação das oferendas". Oferecemos ao Criador, em ação de graças, o que provem da sua Criação. A apresentação das oferendas sobre o altar coloca os dons do Criador nas mãos de Cristo: é Ele que, no seu sacrifício, leva à perfeição as tentativas humanas de oferecer sacrifícios. 

Oferecemos o pão e o vinho, outros produtos do trabalho do homem, ofertas para a partilha com os necessitados e, sobretudo, devemos oferecer-nos a nós próprios, a nossa vida na situação exata em que se encontra e também todo o nosso futuro.

3.2. Consagração

No prefácio, a Igreja dá graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo por toda as suas obras: criação, redenção, santificação. Depois unimo-nos ao coro da Igreja celeste, proclamando que Deus é três vezes Santo.

Na epítese, o sacerdote pede ao Pai que envie o seu Santo Espírito sobre o pão e o vinho, para que se tornem, pelo seu poder, o corpo e sangue de Jesus Cristo, e para que todos os participantes na Eucaristia sejam um só corpo e um só espírito. Então, o corpo e o sangue de Cristo tornam-se sacramentalmente presentes, bem como o seu sacrifício oferecido na cruz.
Na anamnese, a Igreja relembra a paixão e ressurreição de Cristo e apresenta ao Pai a oferenda do seu Filho.

Na consagração compartilhamos a gloriosa ressurreição de Cristo, à medida que o seu Espírito faz dissipar-se em nós a falta de amor por Deus e pelos nossos semelhantes. Ao mesmo tempo que o pão e o vinho são transformados no corpo e sangue de Jesus, ocorre também uma transformação espiritual em todos os que participam na Eucaristia.

3.3. Ritos da comunhão 
A Missa é simultaneamente o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor. Mas a celebração do sacrifício eucarístico está toda orientada para a união íntima dos fiéis com Cristo pela comunhão.
"Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós" (Jo 6, 53).

Para respondermos a este convite, precisamos preparar-nos, através do sacramento da Reconciliação, do jejum prescrito pela Igreja e estando em união com os nossos irmãos. Por isso, os ritos da comunhão iniciam-se com a oração do Pai-nosso, que é a oração do relacionamento.

4 - RITOS FINAIS
Durante a bênção, que é o rito final, o padre, pelo poder da sagrada Ordem, envia os fiéis a dar testemunho, a amar e servir os irmãos.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Que parâmetros devemos ter para ler as Sagradas Escrituras?


 Se você deseja (e é bom que queira mesmo) conhecer a palavra de Deus, esteja atento a estes pontos importantes:
1. A analogia da fé – A Bíblia é um livro de verdades religiosas reveladas por Deus (isso já vimos anteriormente). Por isso, cada texto está de certa forma relacionado com toda a Bíblia e com a fé da Igreja, ou seja, um trecho não contradiz o outro. Não podemos tirar um texto ou um versículo que seja deste contexto, sem que possa haver erro de interpretação. Aqui entra a importância da Tradição e do Magistério da Igreja. É o que sempre tenho afirmado desde o início: A Igreja que deve ter a palavra final, a fim de se evitar o perigoso subjetivismo pessoal (o famoso achismo – “eu acho que…” ).
2. O sentido da História – Sempre dizemos isso quando falamos sobre a Sagrada Escritura: Deus é o Senhor da história. E é na história que a sua santa vontade se realiza. O avançar da história, e o desenvolvimento do seu povo, também nos ajuda a compreender a Sagrada Escritura. Jesus mandou observar os sinais dos tempos.
3. O sentido do movimento progressivo da Revelação – Desde o começo dos nossos estudos, eu procurei mostrar a você, que Deus foi revelando sua vontade devagar. Deus é amigo do tempo. É importante que você perceba que Deus tem paciência, ao contrário de nós. Deus levou apenas 14 séculos para nos revelar a sua palavra, e continuou a nos ensinar durante mais de 20 séculos como vivê-la. E nos ensina até hoje através da Sua Igreja, através da Sagrada Tradição (transmissão oral, não escrita) que para nós católicos tem o mesmo valor das Sagradas Escrituras (conforme já foi falado).
4. O sentido da relatividade das palavras – Segundo o professor Felipe Aquino: “As palavras são relativas, nem sempre absolutas”. Para entender o texto bíblico precisamos saber o que certas palavras, frases ou expressões significavam exatamente quando o autor sagrado as usou.
Por exemplo: Digamos que uma jovem escreva um bilhete (em português) para uma amiga: “Querida amiga, meu namorado é um gato. E meu Pai é um barato, pois nos deixou namorar…”
Agora imagine que esse bilhete fique em algum livro ou gaveta e seja encontrado daqui a 5.000 anos, por algum italiano que está aprendendo português.
O que essa pessoa ao traduzir esse texto irá pensar? Se ele não souber que nos dias de hoje a juventude usa a expressão “gato” ou “gata” para dizer que alguém é bonito, e não souber que “barato” significa alguém legal, bacana, logo vai pensar que essa jovem namorava gatos e seu pai era um inseto nojento. É preciso entender a palavra na época que era usada. Em outras palavras: Cada tempo tem sua gíria. E a bíblia está cheia delas.
5. O bom senso e senso crítico – Deus não nos deu uma cabeça apenas para equilibrar o corpo. Se Ele nos deu a inteligência, precisamos usá-la. É bom sempre se perguntar diante de certas interpretações: isto tem fundamento no texto original? Ou são apenas o ponto de vista de alguém em desacordo com o autor sagrado?
Se alguém ter entendimento das Escrituras Divinas ou parte delas, mas se com esse entendimento não edifica a dupla caridade – a de Deus e a do próximo – é preciso reconhecer que nada entendeu…
(Santo Agostinho – Séc IV)
Dominus Vobiscum

A celebração litúrgica da Eucaristia - parte II

1.4. Oração coleta (própria do dia)
O sacerdote, ao orar de braços estendidos, reúne ou coleta (recolhe) as orações e preces dos fiéis e apresenta-as a Deus. 
Quando o padre diz "Oremos", estamos a compartilhar a nossa vida de oração, pessoal e comunitária. O Papa Pio XII afirmou que a oração litúrgica alimenta a oração particular e a oração particular alimenta a oração litúrgica.

2 - LITURGIA DA PALAVRA
2.1. Leituras (próprias do dia)

Compreende os escritos dos Profetas (Antigo Testamento) e as memórias dos Apóstolos (Epístolas e Evangelhos). Nos dias de semana lê-se uma leitura do Novo Testamento, uma de um Salmo e um trecho de um Evangelho. Nos domingos e outros dias santos lê-se, adicionalmente, uma leitura do Antigo Testamento, uma de um Salmo e um trecho de um Evangelho.

No ciclo dos anos litúrgicos estes estão classificados em Ano A, Ano B e Ano C. Em cada um há um autor evangelista de base, que é lido durante todo o ano; outros evangelistas são lidos pontualmente. S. João é lido em todos os três anos, em circunstâncias específicas, nomeadamente nas grandes festas.
Ano A - S. Marcos
Ano B - S. Mateus
Ano C - S. Lucas
Para saber em que tipo de ano estamos, basta lembrar que o ano 2000 foi Ano B.

2.2. Homilia
É uma exortação, feita pelo celebrante, para que acolhamos a Palavra de Deus e a coloquemos em prática no nosso dia-a-dia. A Palavra de Deus é viva e destina-se a levar vida aos que a ouvem.

2.3. Profissão de fé
Nesta oração proclamamos publicamente a aceitação de Jesus e dos Seus ensinamentos.

2.4. Oração universal (própria do dia)
Também é chamada "Oração dos fiéis". É uma oração de intercessão. Nela pomos em prática a palavra do Apóstolo S. Paulo "Recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade" (1Tim 2,1-2).
Nos documentos do Vaticano II afirma-se que a oração universal deve incluir a intercessão pelos "oprimidos por várias necessidades".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A celebração litúrgica da Eucaristia - parte I

1 - RITOS INICIAIS
1.1. Saudação
1.2. Ato penitencial
1.3. Hino de louvor - Glória
1.4. Oração coleta

2 - LITURGIA DA PALAVRA
2.1. Leituras 
2.2. Homilia
2.3. Profissão de fé
2.4. Oração universal

3 - LITURGIA EUCARÍSTICA
3.1. Ofertório
3.2. Consagração
3.3. Ritos da comunhão

4 - RITOS FINAIS

NOTAS EXPLICATIVAS

1 - RITOS INICIAIS

Os cristãos congregam-se num mesmo lugar para a assembléia eucarística. À sua cabeça está o próprio Cristo, que é o ator principal da Eucaristia. Estamos todos membros de um só corpo, o corpo de Cristo. E estamos relacionados com as pessoas com quem oramos. 
A mesa que é posta para nós na Eucaristia é, ao mesmo tempo, a da Palavra de Deus e a do corpo do Senhor.

1.1. Saudação
Inicia-se a Eucaristia com o sinal-da-cruz, uma expressão da nossa fé de que estamos reunidos em nome da Trindade.

1.2. Ato penitencial
É o ponto em que nos voltamos para o Senhor e nos abrimos para o seu perdão e para alcançar o perdão dos nossos semelhantes e de nós próprios. 
Aqui damos corpo à Escritura que nos diz: "Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão". (Mt 5,23-24) Por isso é feito logo no início da Eucaristia.

1.3. Hino de louvor - Glória
No Glória, pronunciamos um louvor que é o louvor de Jesus perante o Pai. A Sua oração torna-se nossa, a nossa oração torna-se Sua. Por isso é um louvor poderoso!
Damos também eco ao louvor dos anjos que, na noite em que Jesus nasceu, diziam: "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que Ele ama!" (Lc 2, 14)

domingo, 22 de abril de 2012

A ressurreição através da Eucaristia


Se o cálice que foi misturado e o pão que foi produzido recebem a palavra de Deus e se tornam a Eucaristia, isto é, o sangue e o corpo de Cristo, e se por eles cresce e se fortifica a substância da nossa carne, como podem pretender que a carne seja incapaz de receber o dom de Deus, que consiste na vida eterna, quando ela é alimentada pelo sangue e pelo corpo de Cristo, e é membro deste corpo? 

Como diz o bem-aventurado Apóstolo na epístola aos Efésios: "Somos membros de seu corpo, formados pela sua carne e pelos seus ossos"; e não fala de algum homem pneumático e invisível - "porque o espírito não tem ossos nem carne" - mas da estrutura do homem verdadeiro, feito de carne, nervos e ossos, alimentado pelo cálice que é o sangue de Cristo e é fortificado pelo pão que é o seu corpo.

Como a cepa de videira plantada na terra frutifica no seu tempo e o grão de trigo caindo na terra, decompondo-se, ressurge multiplicado pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas e que, pela inteligência, são postas ao serviço dos homens e, recebendo a palavra de Deus, se tornam Eucaristia, isto é, o corpo e o sangue de Cristo, da mesma forma os nossos corpos, alimentados por esta eucaristia, depois de ser depostos na terra e se terem decomposto, ressuscitarão, no seu tempo, quando o Verbo de Deus os fará ressuscitar para a glória de Deus Pai, porque ele dará a imortalidade ao que é mortal e a incorruptibilidade ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta na fraqueza.

Santo Ireneu, Bispo de Lião
in: V Livro, Escatologia Cristã


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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Diante de suas limitações, Bento XVI diz confiar plenamente em Deus

Nicole Melhado
Da Redação


Arquivo
Bento XVI é o 264º Papa da Igreja Católica
Ao comemorar seu 78º aniversário, o Cardeal Joseph Ratzinger esperava uma aposentadoria tranquila, mas três dias depois, no dia 19 de abril de 2005, ele foi eleito o 264º sucessor de Pedro.

“A única coisa que pensei para explicar a mim mesmo foi: ‘Evidentemente, a vontade de Deus é outra, e para mim começa algo completamente diferente, uma coisa nova. Mas Ele está comigo”, conta o agora Papa Bento XVI, no livro-entrevista “Luz do Mundo. O Papa, a Igreja e os sinais dos Tempos".
Na Praça de São Pedro, fiéis, peregrinos e a imprensa de todo mundo esperavam pelo anúncio e o primeiro pronunciamento no novo Papa. Bento XVI então pensou “O que poderia dizer?”. Desde o momento da eleição, ele só conseguia dizer “Senhor, o que está fazendo comigo? Agora a responsabilidade é Tua. Deves conduzir-me! Não sou capaz disso. Se me quiseste, agora deves também ajudar-me”.
De fato, ser o líder da maior Igreja cristã que reúne fiéis de diferentes etnias, povos e culturas dos quatro cantos da Terra é um grande dever. Os católicos no mundo são cerca de 1 bilhão e 196 milhões. De acordo com o Anuário de 2010, um aumento de fiéis em 1,3% (entre 2009 e 2010), e uma presença global que se mantém estável em torno de 17,5%.
O poder do Papa

Ao completar sete anos de Pontificado, Bento XVI afirma que esses números mostram quão ampla é a comunidade católica, mas o poder do Papa, no entanto, não está nesses dados. Por que não? Ele explica que a comunhão com o Papa é de outro gênero, como também é a pertença à Igreja. Como dizia Santo Agostinho, muitos que parecem estar dento, estão fora; e muitos que parecem estar fora, estão dentro. “Em uma questão como a fé e a pertença à Igreja, o dentro e o fora estão entretecidos misteriosamente”, reforça o Pontífice.

O ex-líder da União Soviética, Josef Stalin, disse que o Papa não tem divisões militares e não pode intimidar ou impor nada, não possui sequer uma grande empresa, por assim dizer, na qual todos seus fiéis seriam seus dependentes ou subalternos. Nesse sentido o Papa seria uma pessoa absolutamente impotente. Por outro lado, Bento XVI esclarece que ele tem uma grande responsabilidade, pois é, em certo sentido, o chefe, o representante, e tem o dever de fazer com que a fé que mantém unidas as pessoas tenha credibilidade, permaneça viva e continue íntegra em sua identidade.
Arquivo
Bento XVI recebe o carinho de crianças e fiéis do mundo inteiro
Os Papas nunca erram?

O Papa, como qualquer outro sacerdote fala e age sobre o comando de Jesus Cristo e por Ele. O Filho de Deus confiou Sua Palavra à Igreja, mas todo sacerdote pode ter suas insuficiências e fragilidades. “O que conta é que eu não exponho as minhas ideias, mas procuro pensar e viver a fé da Igreja, agir sob Seu comando de modo obediente”, destaca o Santo Padre. 


O Papa tem conta no banco?

É verdade que o Papa não tem conta em banco, esclarece Bento XVI, as doações em dinheiro não são destinadas a seu uso pessoal, mas enviadas a fim de que possam ajudar os outros. 

“Comove-me muito o fato de que pessoas simples me mandem algum dinheiro, dizendo ‘Sei que o senhor tem tantas pessoas a quem ajudar...! quero contribuir um pouco também eu’”. O Santo Padre recebe ainda cartas e pequenos presentes do mundo inteiro, são pessoas simples, freiras, mãe, pais e crianças que o encorajam escrevendo “Rezamos pelo senhor, não tenha medo, nós o queremos bem”.

Além do carinho e das demonstrações de apoio pelas cartas, Bento XVI encontra a consolação no relacionamento íntimo com Deus. Sua fé é a mesma de quando era um jovem sacerdote, mas ele confessa que, na condição de Papa, ele tem muitas razões a mais para rezar e para entregar-se completamente a Deus.

“A oração e o contato com Deus são agora mais necessários, mas também mais naturais e espontâneos do que antes”, conta o Pontífice.

Após sua eleição, no dia 19 de abril, o Papa Bento XVI iniciou o Pontificado cinco dias depois, no dia 24 de abril de 2005.  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aniversário do Papa Bento XVI



"Tu és Pedro e sobre ti edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão sobre Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu" (Mt 16, 18 - 19)

Parabéns, Santo Padre! Tua ortodoxia, teu amor a Cristo e à Igreja me fascinam! Vida longa a Pedro!


"Uma das regras fundamentais para o discernimento 

espiritual poderia ser a seguinte: onde falta a alegria, onde
 
morre o humor, aí não está o Espírito Santo, o Espírito de
 
Jesus Cristo. A alegria é um sinal da graça. Quem está

 profundamente sereno, quem sofreu sem por isso perder a
 
alegria, esse não está longe do Deus do Evangelho, do

 Espírito de Deus, que é o Espírito da eterna alegria" ( Bento

 XVI)

via É Razoável Crer? de Ana Maria Bueno em 16/04/12 

domingo, 15 de abril de 2012

Como agir em cada situação?


Em cada nova situação da nossa vida sempre surge uma pergunta em nosso interior: “Como devo fazer isso?” Ou: “Qual deve ser a minha atitude?”
Quando há dentro de nós uma reta intenção o Senhor vem em nosso auxílio e nos mostra por onde devemos caminhar. Mesmo em meio às dificuldades e ao corre-corre da vida, não devemos agir por impulso nem por pressão ou medo; diferentemente disso, respiremos fundo e, com simplicidade, elevemos rápida e confiantemente o nosso coração a Deus e supliquemos a Ele: “Conduzi-me, Senhor, nesta situação”.
“O Senhor pousa o olhar sobre os que O temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria” (Sl 32).
Jesus, eu confio em Vós!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ESCOLHE POIS A VIDA !!!!!!


não é uma questão de "religião x politica", a questão é homem quer mudar a lei natural de "nascer . viver . morrer"

Estudos COMPROVAM que o aborto [qualquer tipo de aborto] causa SIM danos à saude da mulher que corre até riscos de não poder ter outros filhos após !


terça-feira, 10 de abril de 2012

O QUE É A OITAVA DA PÁSCOA?


Os oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa. Poderíamos chamá-los também de “pequena oitava”, em confronto com a “grande oitava” das sete semanas, sem, contudo, querermos diminuir com isto, a sua importância. Seus primórdios, entendidos como um período celebrado com liturgia especial, remontam, no mínimo, ao começo do século IV, e mesmo até à segunda metade do século III, como é fácil de deduzir das homilias recém-descobertas de Astério Sofita sobre os salmos. Astério chama o dia da oitava de “segundo ‘oitavo dia’”.

A liturgia desta oitava era marcada não só pelo mistério pascal, como também pela consideração para com os neobatizados que durante as celebrações diárias da eucaristia eram introduzidos mais profundamente nos mistérios dos sacramentos da iniciação, recebidos na noite da Páscoa. As homilias pascais de Astério, já mencionadas, podem ser apontadas como o exemplo mais antigo de tais “catequeses mistagógicas” de que temos conhecimento. As mais famosas, entretanto, são as cinco catequeses de Cirilo (João?), bispo de Jerusalém, da segunda metade do século IV, e os escritos “De mysteriis” (Sobre os mistérios) e “De sacramentis” (Sobre os sacramentos), da autoria de Ambrósio. Segundo Agostinho, a oitava da Páscoa é uma “ecclesiae consensio”, um costume unânime da Igreja, tão antigo quanto a Quadragesis (a Quaresma). Os fiéis deviam suspender seus trabalhos nesses dias, e tomar parte nas cerimônias diárias.

Esta semana era chamada antigamente também “semana branca” ou “semana das vestes brancas”. No Oriente é conhecida também como semana da renovação. Inicialmente ela só terminava no domingo, o qual, por isso, tinha o nome de domingo das vestes brancas (domingo in albis). A partir do século VII, as vestes brancas dos neófitos eram depostas já no sábado, em conseqüência da antecipação da celebração da noite pascal para o Sábado Santo.

Os cânticos de entrada da oitava de Páscoa da liturgia romana, executados pelo coro à entrada dos neófitos em vestes brancas, eram enfaticamente sintonizados com a presença dos recém-batizados e proclamavam a salvação por eles recebida. Assim lemos (ainda hoje) na segunda-feira: “O Senhor vos introduziu na terra onde correm leite e mel: e sua lei esteja sempre em vossos lábios, aleluia!”; na terça-feira: “Deu-lhes a água da sabedoria, tornou-se a sua força...”; na quarta-feira: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino...”; na quinta-feira: “Senhor, todos louvaram, unânimes, a vossa mão vitoriosa...”; na sexta-feira: “O Senhor conduziu o seu povo na esperança e recobriu com o mar seus inimigos”; no sábado: “O Senhor fez seu povo sair com grande júbilo; com gritos de alegria, os seus eleitos, aleluia!”; e por fim, no domingo branco (domingo in albis): “Como crianças, recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação, aleluia!

Adolf Adam
(in O Ano Litúrgico, Paulinas,  1982,pag 86-87)

sábado, 7 de abril de 2012

Sábado de Aleluia?

Nos primórdios do cristianismo, a Páscoa anual era celebrada pelas, comunidades mediante uma solene vigília noturna, do sábado santo para domingo da Ressurreição. Durante a vigília, havia um momento em que irrompia o solene canto de Aleluia pascal. No século XVI, a celebração foi antecipada para as 9hs da manhã do sábado. Por isso passaram a chamar o sábado santo de "sábado de aleluia". Nada a ver! Pois o sábado santo, primitivamente, nunca foi " sábado de aleluia ", mas o dia da sepultura da Jesus, dia de expectativa da Páscoa. Pio XII resgatou e o Concílio Vaticano II confirmou a antiga tradição. Mas tem gente que ainda teima em chamar o sábado santo de "sábado de aleluia"!

Fonte: Frei José Ariovaldo da Silva
Folhinha do Sagrado Coração

A Vígília Pascal

"Segundo uma antiqüíssima tradição, esta é a noite de vigília em honra do Senhor (Ex 12, 42). Os fiéis, tal como recomenda o evangelho (Lc 12, 35-36), devem asemelhar-se aos criados, que com as lâmpadas acesas nas mãos, esperam o retorno do seu senhor, para que quando este chegue os encontre velando e os convide a sentar à sua mesa" (Missal Romano, pg 275).

Esta Noite Pascal tem, como toda celebração litúrgica duas partes centrais:

- A Palavra: Nesta celebração as leituras são mais numerosas (nove, ao invés das duas ou três habituais).

- O Sacramento: Esta noite, depois do caminho quaresmal e do catecumenato, celebra-se, antes da Eucaristia, os sacramentos da iniciação cristã: o Batismo e a Crisma.

Assim, os dois momentos centrais se revestem de um acento especial: se proclama na Palavra a salvação que Deus oferece à humanidade, atingindo o ápice com o anúncio da ressurreição do Senhor.

E logo celebra-se sacramentalmente esta mesma salvação, com os sacramentos do Bastismo, da Crisma e da Eucaristia. A tudo isso também antecede um especial rito de entrada constando do rito da luz, que brilha em meio à noite, e o pregão Pascal, lírico e solene.

A Páscoa do Senhor, nossa Páscoa

Todos estes elementos especiais da Vigilia querem ressaltar o conteúdo fundamental da Noite: a Páscoa do Senhor, a sua passagem da Morte à Vida.

A oração ao início das leituras do Novo Testamento, invoca a Deus, que "ilumina esta noite santa com a gloria da ressurreição do Senhor". Nesta noite, com mais razão que em nenhum outro momento, a Igreja louva a Deus porque "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado". (Prefácio I de Páscoa).

Porém a Páscoa de Cristo é também a nossa Páscoa: "na morte de Cristo nossa morte foi vencida e em sua ressurreição resuscitamos todos" (Prefácio II de Páscoa).

A comunidade cristã se sente integrada, "contemporânea da Passagem de Cristo através da morte à vida". Ela mesma renasce e goza na "nova vida que nasce destes sacramentos pascais" (oração sobre as ofertas da Vigilia): pelo Batismo se submerge com Cristo em sua Páscoa, pela Confirmação recebe também ela o Espírito de Vida, e na Eucaristia participa do Corpo e Sangue de Cristo, como memorial de sua morte e ressurreição.

Os textos, orações, cantos todos apontam a esta gozosa experiência da Igreja unida ao seu Senhor, centralizada nos sacramentos pascais. Esta é a melhor chave para a espiritualidade cristã, que deve centralizar-se mais que na contemplação das dores de Jesus (a espiritualidade da Sexta-feira Santa é a mais fácil de assimilar), na comunhão com o Ressuscitado dentre os mortos.

Cristo, ressuscitando, venceu a morte.

Este é na verdade "o dia que o Senhor fez para nós". O fundamento de nossa fé. A experiência decisiva de que a Igreja, como Esposa unida ao Esposo, recorda e vive a cada ano renovando sua comunhão com Ele, na Palavra e nos Sacramentos desta Noite.


Luz de Cristo

O fogo novo é abençoado em silêncio, depois, toma parte do carvão abençoado e colocado no turíbulo, coloca-se então o incenso e se incensa o fogo três vezes. Mediante este rito singelo a Igreja reconhece a dignidade da criação que o Senhor resgata.

A cera, por sua vez, é agora uma criatura renovada. Devolver-se-á ao círio o sagrado papel de significar ante os olhos do mundo a glória de Cristo Ressuscitado. Por isso se grava em primerio lugar a cruz no círio. A cruz de Cristo devolve à cada coisa seu sentido. Por isso o Cânon Romano diz: "Por Ele (Cristo) segue criando todos os bens, os santificas, os enche de vida, os abençoas e repartes entre nós".

Ao gravar na cruz as letras gregas Alfa e Ômega e as cifras do ano em curso, o celebrante proclama: "Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. Dele é o tempo. E a eternidade. A ele a glória e o poder. Pelos séculos dos séculos. Amém".

Assim expressa com gestos e palavras toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo, homens, coisas e tempo estão sob sua potestade.

O Círio é decorado com grãos de Incenso, que segundo uma tradição muito antiga, que passaram a significar simbolicamente as cinco chagas de Cristo: "Por tuas chagas santas e gloriosas nos proteja e nos guarde Jesus Cristo nosso Senhor".

Ocelebrante termina acendendo o fogo novo, dizendo: "A luz de Cristo, que ressuscita glorioso, dissipe as trevas do coração do e do espírito".

Após acender o círio que representa Cristo, a coluna de fogo e de luz que nos guia através das trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança a procissão dos ministros. Enquanto a comunidade acende as suas velas no Círio recém aceso se escuta cantar três vezes: "Luz de Cristo".

Estas experiências devem ser vividas com uma alma de criança, singela mas vibrante, para estar em condições de entrar na mentalidade da Igreja neste momento de júbilo. O mundo conhece demasiado bem as trevas que envolvem a sua terra em desgraça e tormento. Porém, nesta hora, pode-se dizer que sua desventura atraiu a misericórdia e que o Senhor quer invadir a toda realidade com torrentes de sua luz.

Já os profetas haviam prometido a luz: "O Povo que caminha em meio às trevas viu uma grande luz", escreve Isaías (Is 9,1; 42,7; 49,9). Esta luz que amanhecerá sobre a Nova Jerusalém (Is 60,1ss.) será o próprio Deus vivo, que iluminará aos seus e seu Servo será a luz das nações (Is 42,6; 49,6).

O catecúmeno que participa desta celebração da luz sabe por experiência própria que desde seu nascimento está em meio às trevas; mas tem o conhecimento de que Deus o chamou para sair das trevas e a entrar em sua luz maravilhosa" (1 Pd 2,9). Dentro de uns momentos, na pia batismal, "Cristo será sua luz" (Ef 5, 14). Passará das trevas à "luz no Senhor" (Ef 5,8).

O Pregão Pascal ou "Exultet"

Este hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, alegria do céu, da terra, da Igreja, da assembléia dos cristãos. Esta alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas.

Em seguida é proclamada a grande Ação de Graças. Seu tema é a história da salvação resumida pelo poema. Uma terceira parte consiste em uma oração pela paz, pela Igreja por suas autoridades e seus fiéis, pelos governantes das nações, para que todos cheguem à pátria celestial.


A liturgia da Palavra

Nesta noite a comunidade cristã se detém mais do que o normal na proclamação da Palavra. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de Cristo e iluminam a História da Salvação e o sentido dos sacramentos pascais. Há um diálogo entre Deus que se dirige ao seu Povo (as leituras) e o Povo que Lhe responde (Salmos e orações).

A leituras da Vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: "...e começando por Moisés e por todos os profetas, os interpretou (aos discípulos de Emaús) em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito"(Lc 24, 27).

Leituras do Antigo Testamento

Primeira leitura: Gn 1,1-2,2 ou 1,1.26-31a - Viu Deus que tudo o que tinha feito era bom.

Segunda leitura: Gn 22,1-18 ou 1-2.9a.10-13.15-1 O sacrificio de Abraão, nosso pai na fé. 

Terceira leitura Ex 14-15,1 - Os israelitas cruzaram o mar Vermelho.

Quarta leitura: Is 54,5-14 - Com misericordia eterna te ama o Senhor, teu redentor.

Quinta leitura: Is 55, 1-11 - Vinde a mim, e vivereis; firmarei convosco uma aliança perpétua. 

Sexta leitura: Br 3,9-15.32-4,4 - Caminhai na claridade do resplendor do Senhor.

Sétima leitura: Ez 36.16-28 - Derramarei sobre vós uma água pura, y vos darei um coração novo. 
É importante destacar esta passagem ao Novo Testamento: o Missal indica neste momento diversos símbolos, tais como a decoração do altar (luzes, flores), o canto do Glória e a aclamação do Aleluia antes do Evangelho. Também se ilumina de maneira mais plena a Igreja, já que durante as leituras do Antigo Testamento deve estar iluminada de maneira discreta.
Sobretudo o evangelho, tomado de um dos três sinóticos, de acordo com o Ciclo, é o que deve destacar-se: se trata do cumprimento de todas as profecias e figuras, proclama a Ressurreição do Senhor. 

Leituras do Novo Testamento 

Primeira leitura: Rm 6,3-11 - Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre.

Evangelho 
CICLO A: Mt 28.1-10 - Ressuscitou e vos precede em Galiléia.
CICLO B: Mc 16, 1-17 - Jesus de Nazaré, o que foi crucificado, ressuscitou.
CICLO C: Lc 24.1-12 - Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo.

A liturgia batismal

A noite de Páscoa é o momento no qual tem mais sentido celebrar os sacramentos da iniciação cristã. 

Depois de um caminho pelo catecumenato (pessoal, se é que se trata de adultos e da família, para as crianças, e sempre nos diz respeito, da comunidade cristã inteira), o símbolo da água -a imersão, o banho- busca ser a expressão sacramental de como uma pessoa se incorpora a Cristo na sua passagem da morte à vida.

Como diz o Missal, se é que se trata de adultos, esta noite é quando tem pleno sentido que além do Batismo também se celebre a Confirmação, para que o neófito se integre plenamente à comunidade eucarística. O sacerdote que preside nesta noite tem a faculdade de conferir também a Confirmação, para fazer visível a unidade dos sacramentos de iniciação.

A celebração consta dos seguintes elementos:

A ladainha dos santos (se ocorre um batizado), de acordo com a sugestão do Missal;

A bênção da água trata sobretudo de bendizer a Deus por tudo o que fez por meio da água ao longo da História da Salvação (desde a criação e a passagem pelo Mar Vermelho até o Batismo de Jesus no Jordão), implorando-lhe que hoje também este sinal atualize o Espírito de vida sobre os batizados;

o Batismo e a Confirmação sengundo seus próprios rituais;

a renovação das promessas batismais, se não se realizou a celebração do Batismo, (do contrário já a realizaram junto com os batizados e seus padrinhos). Trata-se de que todos participem conscientemente tanto da renúncia como da profissão de fé; 
a sinal da aspersão, com um canto batismal, como recordação plástica do próprio Batismo. Este sinal pode se repetir todos os domingos do Tempo Pascal, ao início da Eucaristia;
a Oração universal ou oração dos fiéis, que é o exercício, por parte da comunidade, do seu sacerdócio batismal intercedendo perante Deus por toda a Humanidade. 

A Eucaristia

A celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascal. É a Eucaristía central de todo o ano, mais importante que a do Natal ou da Quinta-feira Santa. Cristo, o Senhor Ressuscitado, nos faz participar do seu Corpo e do seu sangue, como memorial da sua Páscoa.
É o ponto mais importante da celebração.