sábado, 21 de junho de 2014

22 junho 2014 – 12º Domingo do Tempo Comum

Não tenham medo daqueles que matam o corpo!”Evangelho: (Mt 10, 26-33)
Jesus disse: não tenhais medo, porque não há nada encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido. Dizei à luz do dia o que vos digo na escuridão, e proclamai de cima dos telhados o que vos digo ao pé do ouvido. Não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Deveis ter medo daquele que pode fazer perder-se a alma e o corpo no inferno. Não se vendem dois pardais por uma moedinha de cobre? E nenhum deles cai por terra sem a vontade do vosso Pai. Quanto a vós, até mesmo os cabelos todos da cabeça estão contados. Portanto, não tenhais medo. Valeis mais do que muitos pardais. Todo aquele, pois, que der testemunho de mim diante dos outros, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. Mas todo aquele que me negar diante dos outros, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.
Comentário
No evangelho de hoje, Mateus relata a importância da coragem para seguir Jesus. A grande verdade é que, quem não tem coragem, não acompanha Jesus. No entanto, Jesus está sempre trazendo alento e encorajando-nos.
A exortação que Jesus faz é esta: “Não tenham medo!” Jesus conhecia aquele povo, por isso se preocupa e tenta encorajar seus seguidores. Este evangelho de Mateus mostra a hipocrisia de uma sociedade injusta e estruturada na mentira.
Não é fácil ouvir verdades. A verdade incomoda, machuca, é inimiga mortal dos exploradores do povo. Ao ver-se desmascarada, a sociedade persegue e elimina aqueles que pregam a verdade. Essa atitude ainda é muito comum em nossos dias.
Jesus insiste e, por três vezes, repete estas palavras: “Não tenhais medo”! Em cada uma das vezes, apresenta um motivo para justificar sua recomendação. Jesus sabe que são muitos os motivos que nos levam ao medo, sabe das nossas limitações e da nossa falta de coragem para divulgar suas palavras.
As Palavras de Jesus, por sua firmeza, por sua dureza, nem sempre agradam. A verdade dói, nos chama a realidade e traz consigo o medo para quem não vive essa verdade. Um medo enorme de perder a posição social e as mordomias. Traz pavor só de pensar em perder vantagens e lucros fáceis.     
Na epístola aos Romanos, São Paulo diz: “Sim, eu estou certo; nem a tribulação, nem a angústia, nem a perseguição, a fome, a nudez, nem a espada... nada poderá nos separar do amor de Deus, que se manifestou em Jesus Cristo, nosso Senhor”. (Rom 8,35-39)
Deus nos criou para a liberdade. O medo escraviza. A coragem é libertadora, é dom dos justos, é alforria da alma. Maravilhas estão reservadas para aqueles que, diante dos homens, se declararem a favor de Jesus. No entanto, aqueles que o negarem serão negados por Ele diante do Pai que está nos céus.
Mas, o que significa negar Jesus? É dizer que Ele não existe? Isso é negá-lo? Não é preciso chegar a tanto; negar Jesus é não preocupar-se com os pobres, com os marginalizados e com os desempregados. Negar Jesus é praticar a violência e a injustiça com os menos favorecidos, é não querer enxergá-lo no próximo.
Declarar-se a favor de Jesus é testemunhar sua presença em nosso meio, é deixar o comodismo e apresentá-lo ao mundo. Quem corajosamente enfrenta as perseguições e os sofrimentos, por causa do Evangelho, tem sempre Deus ao seu lado, protegendo e ajudando.
Jesus não nos garante isenção de sofrimentos, Ele garante sim, sua presença e proteção em todas as dificuldades. Como é bom saber que Jesus nos ama e está sempre presente! Presente, principalmente entre os marginalizados, excluídos e perseguidos por causa de seu nome.
Assim é o nosso Pai, conhece a cada um de nós, nos mínimos detalhes. Nada escapa ao seu amor e atenção. Conhece-nos pelo nome e sabe exatamente quantos fios de cabelo tem cada um dos seus filhos.
Esta é uma pequena amostra da dimensão do amor, do carinho e do cuidado que Deus tem por seus fiéis seguidores.
Agora só depende de nós, criar coragem e segui-lo!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A pressa é inimiga da oração

Essa realidade de uma vida agitada e tumultuada tem seus reflexos em nossa vida espiritual, o que torna a pressa inimiga da oração.

Diz um antigo ditado que a pressa é inimiga da perfeição. Infelizmente, somos escravos da pressa, principalmente na sociedade em que vivemos. Tudo acontece numa velocidade muito rápida! As notícias chegam até nós no momento em que os fatos acontecem. A comunicação está a um clique de nossas mãos. Neste tumultuado mundo em que habitamos e vivemos, desaprendemos a saborear os momentos. Na pressa que nos convida a estar sempre agitados interiormente, fazemos tudo no impulso da agilidade que o tempo nos exige.

Essa realidade de uma vida agitada e tumultuada tem seus reflexos em nossa vida espiritual. Enfermos da ‘síndrome da pressa’, nossa caminhada espiritual sofre as consequências de nossa agitação. Rezamos com tamanha rapidez que não conseguimos viver e sentir a força profunda da oração em nossa alma.

Perceba o seu modo de orar. Na maioria das vezes, as orações que saem de nossa boca não acompanham o ritmo de nossa alma. Tudo muito veloz; quando não, muito mecânico. Quando olhamos para essa realidade latente em nossa vida de fé, percebemos claramente que, na maioria das vezes, estamos ligados no “botão automático”.

Quando foi a última vez que saboreamos internamente uma oração do Pai-Nosso rezada com calma e profundidade? Das celebrações litúrgicas que temos participado, quantas temos gravadas com profundidade em nosso coração?

A vida espiritual requer de nós a tranquilidade roubada pelas agitações. As nossas orações necessitam da calma e da paz que nos permitem saboreá-las internamente. Todo excesso de pressa furta de nós uma autêntica construção de nossa vida interior. Faz-se necessário desligarmos o “botão automático” quando nos propomos momentos de oração.

Muitas vezes, será preciso reaprendermos a descobrir onde, em nosso coração, se encontra o lugar sereno que nos permite estar totalmente com o Senhor. Distantes de nós mesmos e imersos na velocidade alucinante da vida, estamos condenados a fazer de nossos momentos espirituais apenas mais um momento que não deixa marcas profundas em nossa caminhada espiritual.

Antes de começarmos a orar, temos de parar, respirar e, uma vez adquirida a serenidade na alma, começar nossa oração. Saboreemos cada palavra que nossa boa pronuncia e, no silêncio do nosso coração, deixemos emergir as mais sinceras preces que nascem de nossa alma.

Reduzindo nossa velocidade interior, vamos vivenciar os momentos de oração como oportunidades de crescimento espiritual e humano. Entre os muitos benefícios que um momento tranquilo de oração nos proporciona, descobrimos que, mesmo que tenhamos pouco tempo para orar, estes serão profundos. Aprenderemos também a reagir com calma diante de situações que necessitam de mais serenidade para serem solucionadas. E ainda experimentaremos que a paz de Deus pode ser uma realidade em meio ao tornado de demandas que a vida nos apresenta.

Padre Flávio Sobreiro
www.padreflaviosobreiro.com

sábado, 7 de junho de 2014

O Espírito Santo nosso Santificador

A busca da santificação é uma caminhada no Espírito Santo, pois Ele é o nosso Santificador. O Papa Paulo VI disse certa vez que a principal oração, a que deve ser feita “em primeiro lugar”, é a de pedir a Deus que nos envie o seu Santo Espírito. Jesus proibiu aos Apóstolos saírem pelo mundo a pregar o Evangelho antes de receberem o Espírito Santo:
“Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai, entretanto, permanecei na cidade [Jerusalém] até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,29).
Deus anseia dar a cada um de nós o Seu Espírito, “sem medidas” (Jo 3,34), como disse João Batista.
“Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem” (Lc 11,13).
Por isso é preciso pedir a Deus Pai, por Jesus, pela intercessão poderosa de Maria, que nos mande o Espírito Santo.
É pela “força do alto” que somos libertos das garras do pecado e rumamos para a santidade. São Paulo ensinou isso aos romanos:
“Se viverdes segundo a carne morrereis; mas se pelo Espírito, mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus” (Rom 8,13).
É importante notar essa palavra “se pelo Espírito”, quer dizer, só pelo Espírito é possível mortificar (fazer morrer) as obras da carne, o pecado. Pela própria natureza não somos capazes. Ficamos muitas vezes escravos de “um certo pecado” por muito tempo, porque lutamos sozinhos contra ele, sem a força do Espírito de Deus.
O mesmo São Paulo lembra aos Gálatas:
“Andai segundo o Espírito e não satisfareis aos apetites da carne”. (Gal 5,17).
Ao vivermos “no Espírito”, Ele mata em nós os desejos que não são de Deus, e nos liberta do aguilhão do pecado. O Apóstolo ensina que as obras da carne: “adultério, impureza, desonestidade, idolatria, magia, inimizades, contendas, ciúmes, iras, rixas, discórdias, partidos, invejas, embriaguez, orgias, e outras coisas”(Gal 5,20-21), só podem ser vencidas se nos deixarmos conduzir pelo Espírito, o qual produzirá, então, em nós os seus frutos: “caridade, alegria, paz, bondade, paciência, benignidade, fidelidade, mansidão, temperança”  (Gal 5,22).
É o Espírito Santo que dá vida a todas as coisas na Igreja; Ele é a sua alma.
Certa vez o Patriarca de Constantinopla, Atenágoras I, falecido em 1972  disse essas palavras:
“Sem o Espírito Santo:
Deus fica distante da gente;
Cristo, perdido na História;
O Evangelho é letra morta;
A Igreja, apenas agremiação religiosa;
A autoridade, poder que se evita;
A pregação, propaganda da Igreja;
A oração, tarefa a cumprir;
A liturgia, ritual do passado; e
A moral, repressão.
Com o Espírito Santo:
Deus entra na vida do mundo, onde inicia o seu Reino;
Cristo, o Filho de Deus, se faz um de nós;
O Evangelho é o novo estilo de vida;
A Igreja, gente unida como as três Pessoas da Santíssima Trindade;
A autoridade, apoio e serviço;
A pregação, anúncio da novidade do Reino;
A oração, experiência de contato com Deus;
A liturgia, memorial que antecipa o futuro; e
A moral, ação que liberta.”
 Prof. Felipe Aquino