sexta-feira, 26 de setembro de 2014

28 setembro – 26o Domingo do Tempo Comum

“As prostitutas entrarão antes de vós no Reino dos Céus!”Evangelho (Mt 21, 28-32)  
Disse Jesus: O que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Foi até o mais velho e disse: ‘Filho, vai hoje trabalhar na vinha’. Ele, porém, respondeu: ‘Não quero ir’. Mas depois se arrependeu e foi. Foi, então, até o outro filho e falou a mesma coisa, e ele respondeu: ‘Vou, senhor’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?” “O primeiro”, responderam eles. Jesus lhes disse: “Eu vos garanto que os cobradores de impostos e as prostitutas entram antes no reino de Deus do que vós. Porque João veio a vós no caminho da justiça e não acreditastes nele, ao passo que os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram. E vós, vendo isso, nem assim vos arrependestes para crerdes nele. 
COMENTÁRIO 
As palavras do evangelho de hoje não deixam a menor dúvida, falam claramente que só entra no Reino Celeste quem faz a vontade de Deus. “Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está no céu”. A oração precisa ser complementada com a ação. 
Os dois jovens da parábola são cópias perfeitas de nós mesmos. Cópia moderna, em cores, sem tirar e, nem por. Assemelham-se demais conosco. Quantas vezes dizemos sim e nada fazemos. Outras vezes, negamos nossa ajuda, porém o remorso bate no peito, alguma coisa “cutuca” o coração e, de repente, lá estamos nós executando a tarefa. 
Essa coisa que mexe com o coração é a Palavra de Deus, é o chamado que nem sempre estamos dispostos a ouvir ou, se ouvimos, dizemos sim sem convicção, sem vibração e sem nada entender. Resultado, nada é feito. 
Nesta parábola Jesus vai direto ao assunto, deixa bem claro que deve ser feita a vontade de Deus, e não a nossa. Ensina também que não basta falar, tem que fazer. Pouco ou nada vale o discurso inflamado e vazio. Para Deus, não existe oração sem ação. 
Este exemplo de Jesus me faz lembrar daquele fariseu ao pé do altar, gritando bem alto e louvando a Deus por não ser um pecador como os outros que se encontravam no templo. Quantas vezes assumimos essa postura. Batemos no peito, exaltamos a nossa disponibilidade para jejuar, e só! 
O jejum, a abstinência, os sacrifícios e as orações, complementam-se através das obras. Nada tem valor se não estiver acompanhado do gesto concreto. Dizer sim e não cumprir é traição; é pior do que dizer não. 
Sim é sim, não é não. Quem diz sim e não cumpre, está comprometendo a execução da tarefa. Está atrasando a construção do Reino. A obra não pode esperar. É preciso decidir-se. 
Quem se decide por Jesus tem que estar empenhado em cumprir o Plano de Deus. Cumprir a vontade do Pai é colocar o fazer acima do dizer. É muito mais do que cumprir rituais e recitar longas orações. Cumprir a vontade do Pai é cumprir o mandamento do amor. 
Amar é dizer não ao egoísmo e à prepotência. Certamente a vontade do Pai é poder encontrar em cada um dos seus filhos a obediência e a disponibilidade. 
Acredito que a vontade do Pai é que nessa parábola exista mais um filho. Deus quer que sejamos nós esse terceiro filho. Um filho diferente desses dois. Não quer que sejamos aquele que diz sim, e não vai, nem aquele que diz não, porém se arrepende e vai. Ele quer um filho sincero e que tudo faz por amor. Um filho amoroso que diz sim... e vai mesmo!
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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

21 setembro – 25o Domingo do Tempo Comum

“Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”Evangelho (Mt 20, 1-16a)
Jesus disse: O reino dos céus é semelhante a um pai de família que, ao romper da manhã, saiu para contratar trabalhadores para sua vinha. Acertado com eles o preço da diária, mandou-os para sua vinha. Saiu pelas nove horas da manhã e viu outros na praça sem fazer nada. E lhes disse: ‘Ide também vós para a vinha e eu vos darei o que for justo’. E eles foram. Saiu de novo, por volta do meio-dia e das três horas da tarde, e fez o mesmo. E, ao sair por volta das cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam desocupados e lhes disse: ‘Como é que estais aqui sem fazer nada o dia todo?’ Eles lhe responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. Ele lhes disse: ‘Ide também vós para a vinha’. Pelo fim do dia, o dono da vinha disse ao seu feitor: ‘Chama os trabalhadores e paga os salários, a começar dos últimos até os primeiros contratados’. Chegando os das cinco horas da tarde, cada um recebeu uma diária. E quando chegaram os primeiros, pensaram que iam receber mais. No entanto, receberam também uma diária. Ao receberem, reclamavam contra o dono, dizendo: ‘Os últimos trabalharam somente uma hora e lhes deste tanto quanto a nós, que suportamos o peso do dia e o calor’. E ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não te faço injustiça. Não foi esta a diária que acertaste comigo? Toma pois o que é teu e vai embora. Quero dar também ao último o mesmo que a ti. Não posso fazer com os meus bens o que eu quero? Ou me olhas com inveja por eu ser bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. 

COMENTÁRIO
Aqui estamos novamente para meditar a Palavra de Deus. Neste Evangelho encontramos uma coisa meio rara de ser encontrada; Jesus nos fala de um patrão que trata os seus empregados com justiça e bondade. Não se trata de utopia, apesar de não ser algo tão comum, felizmente, alguns patrões tratam seus empregados com respeito e amor. 
Tratam com dignidade os seus funcionários e por causa disso, são criticados. A selvagem globalização trouxe consigo uma inversão de valores. Particularmente nos dias de hoje, é difícil encontrar uma patroa ou um empresário, dispostos a pagar salário justo. 
Foge do nosso entendimento a bondade deste produtor de vinho. Lembra aquele dito popular; “É um negócio de Pai para filho”. Para fazer tudo isso, só mesmo um Pai que conhece as necessidades de cada um de seus filhos. Um pai que sabe como é difícil saldar os compromissos diários com alimentos, aluguel, farmácia... 
Como entender o modo de agir desse patrão? Sem querer fazer trocadilhos, parece injusta essa sua justiça. Pagar salário igual para todos, independentemente da quantidade de horas trabalhadas? Como pode alguém trabalhar uma hora e receber igual àquele que molhou a camisa desde cedo? 
Falando sem demagogia, se estivéssemos entre aqueles contratados logo cedinho, será que não estaríamos reclamando da forma de pagamento? Reclamando sem nos preocuparmos com os pais de família que, não tiveram a felicidade de serem contratados pela manhã, mas que também precisam levar o alimento para casa? 
Os primeiros contratados sentiram-se roubados, no entanto, receberam o merecido, o salário combinado foi pago. Com este exemplo, Jesus quer nos mostrar que a justiça de Deus está muito acima do nosso entendimento e que o bem do próximo deve estar acima dos nossos próprios interesses. 
“A messe é grande e os operários são poucos”. A todo instante, de manhã, de tarde e à noite, somos chamados. Todos nós somos convocados para a missão. Alguns aceitam de imediato, logo cedinho atendem ao chamado... 
Outros, apesar de estarem presentes na “praça”, não ouvem e não entendem o chamado. E, se ouvem, a mensagem entra por um ouvido e sai por outro. Importante, porém é a persistência. Precisamos fazer como o do dono da vinha, chamar em intervalos regulares, chamar a todo instante. 
Se voltarmos na praça às nove horas, encontraremos alguém disponível e disposto a ouvir; o mesmo acontecerá na hora do almoço ou à tarde. É preciso procurar constantemente, retornar de hora em hora, de minuto em minuto. Persistência! É isso que Deus espera encontrar nos seus discípulos. 
Todas as praças e ruas devem ser rebuscadas. Precisamos chamar nas casas e nas famílias. Nesses locais, pelo menos um estará disposto a trabalhar pelo Reino. Não importa o horário, nunca é tarde para começar. Nosso Patrão é Justo. Todos que o ouvirem, entenderem e atenderem irão receber uma justa recompensa no entardecer da vida.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Catequese com o Papa Francisco - 17/09/14

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia,
Nesta semana continuamos a falar sobre a Igreja. Quando professamos a nossa fé, nós afirmamos que a Igreja é “católica” e “apostólica”. Mas qual é efetivamente o significado destas duas palavras, dessas duas notáveis características da Igreja? E que valor têm para as comunidades cristãs e para cada um de nós?
1. Católica significa universal. Uma definição completa e clara nos é oferecida por um dos Padres da Igreja dos primeiros séculos, São Cirilo de Jerusalém, quando afirma: “A Igreja sem dúvida é dita católica, isso é, universal, pelo fato de que é difusa de um a outro nos confins da terra; e porque universalmente e sem deserção ensina todas as verdades que devem alcançar a consciência dos homens, seja a respeito das coisas celestes, seja terrestres” (Catequese XVIII, 23).
Sinal evidente da catolicidade da Igreja é que essa fala todas as línguas. E isto não é outra coisa que não o efeito de Pentecostes (cfr At 2, 1-13): é o Espírito Santo, de fato, que tornou os apóstolos e toda a Igreja capazes de fazer ressoar a todos, até os confins da terra, a Bela Notícia da salvação e do amor de Deus. Assim a Igreja nasceu católica, isso é, “sinfônica” desde as origens, e não pode ser nada a não ser católica, projetada à evangelização e ao encontro com todos. A Palavra de Deus hoje é lida em todas as línguas, todos têm o Evangelho na própria língua, para lê-lo. E volto ao mesmo conceito: é sempre bom termos conosco um Evangelho pequeno, para levá-lo no bolso, na bolsa e durante o dia ler um trecho. Isto nos faz bem. O Evangelho é difundido em todas as línguas porque a Igreja, o anúncio de Jesus Cristo Redentor, está em todo o mundo. E por isto se diz que a Igreja é católica, porque é universal.
2. Se a Igreja nasceu católica, quer dizer que nasceu “em saída”, que nasceu missionária. Se os apóstolos tivessem permanecido ali no cenáculo, sem sair para levar o Evangelho, a Igreja seria somente a Igreja daquele povo, daquela cidade, daquele cenáculo. Mas todos saíram para o mundo, do momento do nascimento da Igreja, do momento que desceu sobre eles o Espírito Santo. E por isso a Igreja nasceu “em saída”, isso é , missionária. É aquilo que exprimimos qualificando-a como apostólica, porque o apóstolo é aquele que leva a boa notícia da Ressurreição de Jesus. Este termo nos recorda que a Igreja, no fundamento dos Apóstolos e em continuidade com eles, são os apóstolos que foram e fundaram novas igrejas, constituíram novos bispos e assim em todo o mundo, em continuidade. Hoje todos nós estamos em continuidade com aquele grupo de apóstolos que recebeu o Espírito Santo e depois foi “em saída”, para pregar, enviados a levar a todos os homens este anúncio do Evangelho, acompanhando-o com os sinais da ternura e do poder de Deus. Também isto deriva do evento de Pentecostes: é o Espírito Santo, de fato, a superar cada resistência, a vencer a tentação de fechar-se em si mesmo, entre poucos eleitos, e de se considerar os únicos destinatários da benção de Deus. Se por exemplo alguns cristãos fazem isso e dizem: “Nós somos os eleitos, somente nós”, no fim morrem. Morrem antes na alma, depois morrem no corpo, porque não têm vida, não são capazes de gerar vida, outras pessoas, outros povos: não são apóstolos. E é justamente o Espírito a nos conduzir ao encontro aos irmãos, também àqueles mais distantes em todo sentido, para que possam partilhar conosco o amor, a paz, a alegria que o Senhor Ressuscitado deixou de presente.
3. O que significa, para as nossas comunidades e para cada um de nós, fazer parte de uma Igreja que é católica e apostólica? Antes de tudo, significa levar no coração a salvação de toda a humanidade, não se sentir indiferente ou estranho diante da sorte de tantos irmãos nossos, mas abertos e solidários para com eles. Significa, além disso, ter o sentido da plenitude, da completude, da harmonia da vida cristã, repelindo sempre as posições parciais, unilaterais, que nos fecham em nós mesmos.
Fazer parte da Igreja apostólica quer dizer ser consciente de que a nossa fé é ancorada no anúncio e no testemunho dos próprios apóstolos de Jesus – é ancorada lá, é uma longa cadeia que vem de lá – e por isso sentir-se sempre enviado, sentir-se mandado, em comunhão com os sucessores dos apóstolos, a anunciar, com o coração cheio de alegria, Cristo e o seu amor a toda a humanidade. E aqui gostaria de recordar a vida heroica de tantos, tantos missionários e missionárias que deixaram sua pátria para ir e anunciar o Evangelho em outros países, em outros continentes. Dizia-me um cardeal brasileiro que trabalhava muito na Amazônia que quando ele vai a um lugar, a um país ou a uma cidade da Amazônia, vai sempre ao cemitério e ali vê os túmulos destes missionários, sacerdotes, irmãos, irmãs que foram pregar o Evangelho: apóstolos. E ele pensa: todos estes podem ser canonizados agora, deixaram tudo para anunciar Jesus Cristo. Demos graças ao Senhor porque a nossa Igreja tem tantos missionários, teve tantos missionários e precisa deles ainda mais agora! Agradeçamos ao Senhor por isto. Talvez entre tantos jovens, rapazes e moças que estão aqui, alguém tem a vontade de se tornar missionário: siga adiante! É belo isto, levar o Evangelho de Jesus. Que seja corajoso e corajosa!
Peçamos então ao Senhor para renovar em nós o dom do seu Espírito, para que cada comunidade cristã e cada batizado seja expressão da santa mãe Igreja católica e apostólica.
http://papa.cancaonova.com/

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

“Pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!”

A festa da Exaltação da Santa Cruz é a festa da Exaltação 
do Cristo vencedor da morte e do pecado por seu corpo dado 
e sangue derramado no alto da cruz. Para o cristianismo a 
cruz é o símbolo maior de fé, com cujos traços todos nós 
nos persignamos desde o momento do levantar até o deitar a 
cada dia. Na cerimônia batismal o primeiro sinal de acolhida à 
criança recém-nascida é o sinal-da-cruz traçado em sua fronte 
pelo padre, pais e padrinhos, sinalando-a para sempre com a 
marca de Cristo.
A cruz recorda o Cristo crucificado, o sacrifício de sua 
Paixão, o seu martírio que nos deu a salvação. Por isso é que, 
desde tempos antiquíssimos, a Igreja passou a celebrar, exaltar 
e venerar a Cruz, inclusive, como símbolo da árvore da vida, que 
se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, e símbolo mais 
perfeito da serpente de bronze que Moisés levantou no deserto 
para curar os israelitas picados pelas cobras, porque o Filho do 
Homem nela levantado cura o homem todo e todos os homens, 
o corpo e a alma dos que n’Ele creem e lhes dá a vida eterna. 
Até o Calvário, a cruz fora tida como sinal de vergonha, 
maldição, execração. Com a crucifixão de Cristo, desde então, 
ela se tornou símbolo de triunfo e vitória. Se da cruz vinha a 
maldição e a morte, agora, da cruz vem todo o bem e toda a 
graça. O Apóstolo Paulo aprofunda o mistério dizendo que a 
cruz lembra a humilhação extrema de Jesus, que se despojou 
de sua dignidade de ser igual a Deus, “fazendo-se obediente até 
a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8). E ele mesmo afirma que “Por 
isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está 
acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se 
dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: 
Jesus Cristo é o Senhor!” (Fl 2, 8-11). Tendo tal compreensão da 
Paixão de Jesus e elaborado tal teologia a respeito do mistério 
da Cruz, torna-se perfeitamente compreensível a declaração de 
Paulo aos Gálatas de que para ele sem a cruz de Cristo não 
há glória possível. Oxalá possamos nós também proclamar e 
viver sempre essa mesma fé.
Dom Frei Caetano Ferrari, OFM.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

14 setembro – 24o Domingo do Tempo Comum

“Não te digo perdoar até sete vezes, mas até setenta vezes sete!”Evangelho (Jo 3, 13-17) 
 “Ninguém subiu ao céu senão quem desceu do céu: o Filho do homem. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é preciso que o Filho do homem seja levantado, a fim de que todo o que nele crer tenha a vida eterna”.
Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.



COMENTÁRIO
Hoje é domingo, estamos iniciando uma nova semana. Gosto da palavra novo. Novo quer dizer novidade, coisa diferente, mudança...Viver o novo é deixar de lado tudo que é ultrapassado e obsoleto.
Todo início é um desafio e deve ser motivo para meditação. Viver o novo pode ser descômodo e preocupante. Não ficamos muito a vontade no novo emprego, na nova sala de aula ou na piscina do novo clube. Relutamos em aceitar mudanças.

Quer queira, quer não, quando mudanças acontecem, bate no peito uma saudade do tradicional. Vem uma vontade de continuar fazendo as mesmas coisas de sempre.
Viver de saudade é parar no tempo. Seja um novo mês, um novo ano ou um novo dia; sempre é hora de recomeçar, é a grande chance para iniciar ou aprimorar hoje, aquilo que já deveríamos ter concluído ontem.
Neste evangelho, Jesus também nos fala de algo novo. Ao mencionar o antigo testamento e traçar um comparativo entre a serpente levantada por Moisés, num poste no deserto, Jesus nos apresenta o jeito novo de curar.
Jesus se compara com a serpente de bronze que foi levantada por Moisés. Essa serpente tinha o poder de curar as pessoas, mordidas por cobras no deserto. Quem olhasse para a serpente, ficava curado, não era afetado pelo veneno, tinha sua vida preservada e não morria.
No entanto, a salvação não acontecia automaticamente. Não bastava simplesmente olhar para a serpente de bronze. Era preciso olhar com fé e acreditar na misericórdia e no poder divino. Assim também é com Jesus que, por amor, aceitou ser levantado na cruz para nos salvar.
Ao ser erguido na cruz, Jesus nos reconcilia com Deus. Com sua morte e ressurreição nos livra do veneno do pecado e nos dá vida nova. Para Jesus, a cruz tem sentido de Glória. Sua Paixão e morte tem um sabor especial. Ser levantado significa ser exaltado, ser glorificado.
Assim como a serpente, não basta olhar para o Cristo crucificado. É preciso acreditar e divulgar que ali está a Salvação, o Fruto da Nova e Eterna Aliança. Jesus é o novo, é a Grande Novidade do Pai. E, como já dissemos tudo que é novo exige mudanças.
Mudar é tão difícil quanto seguir os caminhos de Jesus. Para mudar é preciso, primeiramente, renunciar ao tradicional, ao rotineiro e ao saudosismo. É preciso soltar-se das amarras e lutar por um mundo novo. Só assim, renovados, poderemos sair das trevas e caminhar na Luz. 
Caminhar na Luz é viver o amor e a verdade. É transformar em realidade e gestos concretos a solidariedade e a fraternidade. O Filho de Deus não veio para condenar, veio para salvar e nos retirar das trevas. Jesus é a Luz que tudo cura.
Caminhar ao Seu lado é bem mais seguro, tudo é claro e não existem tropeços. Esta é a Boa Notícia de hoje.

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terça-feira, 9 de setembro de 2014

A tentação da religião fácil

Não está fácil ser cristão, em várias partes do mundo! Muitos estão sendo cerceados em sua liberdade de consciência, perseguidos e martirizados, apenas por serem discípulos de Jesus Cristo. São muito atuais as palavras de advertência de Jesus, ao encorajar os discípulos, falando-lhes do que os esperava: "sereis perseguidos e odiados por minha causa" (cf Lc 21, 12-19). Jesus não prometeu vida fácil a seus seguidores!

A cena de Jesus com seus discípulos no caminho para Jerusalém, retratada no Evangelho de São Mateus (cf Mt 16,21-27), é muito ilustrativa. Jesus lhes fala da própria rejeição pelas autoridades do templo de Salomão, em Jerusalém, de seus sofrimentos, morte na cruz e ressurreição ao terceiro dia. Pedro, cheio de vontade de "defender" o Mestre, quer convencê-lo a desistir do caminho para Jerusalém: "Deus te livre, isso não te acontecerá!"

As palavras de Jesus a Pedro são duras: "vá para longe de mim, satanás! És para mim, ocasião de tropeço!" São as mesmas palavras usadas por Jesus para superar a terceira tentação no deserto, antes de iniciar sua missão pública (cf Mt 4,10). Pedro fazia o papel de "tentador" e Jesus o afastou decididamente, continuando seu caminho para Jerusalém: "tu não pensas conforme Deus, mas conforme os homens!" (cf Mt 16,23).

De qual tentação tão grave se tratava? Se Jesus desse razão a Pedro, evitaria os sofrimentos anunciados. Qual seria o mal? É que essa tentação implicava em desistir do Evangelho e da missão de Jesus. Pedro, ingenuamente, querendo impedir que algo de mal acontecesse a Jesus, acabaria desviando Jesus do seu caminho, impedindo-o de ser a testemunha fiel da verdade de Deus, de ser coerente e fiel à missão de manifestar o amor de Deus até às últimas consequências. Era uma grande tentação!

Jesus não atrai os discípulos para facilidades, vantagens, prosperidade e glórias terrenas: "se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga!" (Mt 16,24). Várias outras passagens do Evangelho retratam o convite a seguir Jesus, não por interesses pessoais, mas a abraçar de coração inteiro o Evangelho do reino de Deus por ele anunciado e tornado presente no mundo.

É antiga e sempre atual a tentação de oferecer Jesus como um "produto" para a solução mágica para todos os males, sem a exigência de verdadeira fé e conversão ao reino de Deus. Um cristianismo sem mudança de vida, sem cruz nem renúncia aos próprios projetos, sem sintonia com o projeto de Deus, sem os 10 mandamentos da lei de Deus, seria falsificar Jesus e o Evangelho!

Essa tentação insidiosa, mais do que nunca, pode ser atual em nossos dias: pretende-se apresentar um Jesus simpático e atraente, produto falsificado nas vitrines de um mercado religioso sempre mais florescente, para atrair adeptos com toda sorte de facilidades e vantagens. Lembrou o papa Francisco: uma Igreja sem Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, acabaria sendo uma espécie de "ONG do bem", mas não seria mais a Igreja de Cristo!

Tentação perigosa, pois mexe com coisas muito sérias e induz a engano fatal: "de que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?" – pergunta Jesus. (cf Mt 16,26). Quem busca Jesus apenas para ter vantagens pessoais, facilidades, vaidades e riquezas, não "arrisca" nada por ele; não é a Jesus e o reino de Deus que busca, mas apenas a si próprio e a seus projetos pessoais. A "renúncia a si mesmo" equivale, de fato, à primazia absoluta dada a Deus e a seus caminhos.

A "religião fácil" é uma tentação perigosa, um grave engano! No final de tudo, se não houve sincera conversão e "renúncia a si mesmo", mesmo tendo conseguido todas as vantagens do mundo, a frustração poderá ser total.

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

07/09/2014 - 23º Domingo Comum - Mateus 18,15-20

Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: "Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como um pagão ou um pecador público.

Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles". - Palavra da Salvação.

Comentando o Evangelho (Padre Jaldemir Vitório / Jesuíta):

É preciso agir com extremo discernimento, quando se trata de afastar um membro da comunidade do convívio fraterno. Em geral, as lideranças da comunidade são tentadas a deixar-se levar por critérios irrelevantes, revelando-se injustos contra quem cometeu uma falta. Uma decisão deste porte não pode depender de preconceitos ou do que pensam os líderes. Importa somente fazer a vontade de Deus.

A comunidade cristã deve rezar e refletir muito, antes de excomungar alguém. Sua decisão deve corresponder ao pensamento de Jesus. Por isso, é necessário evitar que a reunião onde se toma uma tal decisão se assemelhe a um tribunal onde se submete a pessoa a um juízo inclemente. O melhor lugar para se decidir isso é a assembleia eucarística. A ela se refere a afirmação do Senhor: "Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, estou ali, no meio deles". Neste caso, trata-se de uma reunião bem específica, na qual a comunidade põe-se de acordo para pedir a luz divina, antes de decidir sobre a sorte do membro que errou. Se a comunidade pede com sinceridade, poderá estar certa de ser atendida pelo Pai.

A decisão comunitária, se tomada seriamente, terá o aval de Deus. Ou seja, se o membro for desligado da comunidade terrestre, será também desligado da comunidade celeste. O Pai confirma o veredicto da comunidade que agiu com discernimento.

http://www.catolicoscomjesus.com/